JOY, UMA MÃE PARA ALÉM DO QUARTO DE JACK

Falou em Mãe, impossível não pensar em Joy do filme “O Quarto de Jack” (2016). Sem dúvidas essa personagem merece ser analisada “Nos Mínimos detalhes”.
O filme destaca-se por desenvolver a relação materna entre Joy e seu filho Jack. Joy, ainda adolescente, foi sequestrada pelo Velho Nick e obrigada a viver em um cativeiro. Sem saída, ela experimentou vários tipos de violência, entre elas o estupro que resultou em uma gravidez. Foi aí que nasceu Jack.
O filme não cai nos clichês do drama materno, ele vai além ao explorar o tema “o que é tornar-se mãe”. Isso mesmo, algumas pessoas insistem em acreditar que todas as mulheres nascem prontas para a maternidade, como um programa pré-instalado só aguardando a hora de ser acionado, e pronto, simples assim! Lindo né? Só nos filmes de quinta. Por isso, “O quarto de Jack” revela que a maternidade vai além das questões biológicas.
Nos primeiros minutos do filme você sabe que Joy é uma mulher com problemas, mas não fraca. Joy é forte, inteligente e vive em perfeita harmonia com o filho. Mesmo em meio ao caos elq consegue tornar tudo mágico, criando para Jack, por meio da ludicidade, um mundo feliz. Desse modo, o cárcere de 10m² transforma-se num mundo cheio de encantos para a criança. E nessas cenas você pensa: Que mãe extraordinária!
Porém, é aí que o filme surpreende: Joy representa um grupo de mães silenciadas, muitas vezes invisíveis e julgadas. Ficamos fascinados no primeiro momento com a atuação de Joy, a mãe forte, porque, no fundo, não esperamos menos das mães, elas sempre são taxadas como: fadas, heroínas, deusas e mulheres que vivem ou devem viver em prol dos filhos.
Enquanto estamos fascinados com essas atuações maternas esquecemos que Joy na verdade é uma jovem violentada e encarcerada. Não é admirável o fato de o filme ter por nome “O quarto de Jack”? Ao pensar direito, o filme não é sobre Jack especialmente, ou sobre uma mãe jovem que tem um filho (fruto de um estupro), mas sobre uma mulher que sofreu para ser mãe e que passou por um doloroso processo para tornar-se uma. E o quarto claramente, trás à tona que Joy estava presa àquele espaço, ao velho Nick, ao Jack e a Joy adolescente. Esses sentimentos, de certo, foram apresentados em uma perspectiva psicológica admirável.
Consequentemente, o drama inicia logo após a saída do “quarto sombrio”. Nesse desenrolar o filme desvela que liberdade não é uma questão exatamente física e que decidir ter um filho ou querer viver não é uma decisão mais importante que uma mãe toma, mas como viver juntos e enfrentando as dificuldades em uma relação recíproca de cumplicidade e amor é o que mais importa na maternidade. Bom, podem pegar os lenços pois o drama de Joy é digno de lágrimas.
Em suma, no ápice dos conflitos sentimentais, Joy “livre” retorna à realidade, não mais a mesma, não sozinha e a liberdade para ela agora era um problema, como olhar no espelho e não ver sua imagem, mas a de outra. E aí, iremos descobrir para além de “O Quarto de Jack” que o verdadeiro amor materno não surge com o nascimento de um filho, mas na cumplicidade diária, nos acertos e desacertos da vida e especialmente com o amor recíproco.
É isso, nem toda mulher é Joy, nem todas Joys nasceram para serem mãe de Jack. O importante é que cada história tem seu próprio percurso e cada mulher tem sua luta e que tornar-se mãe é uma decisão particular que envolve a construção de sentimentos, nem todas as Joys conseguem sair d’O Quarto de Jack, mas você que está do lado de fora pode ajudar uma Joy a enxergar o mundo para além de uma minúscula janela.

Texto por: L. Maricota.

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