
A reprise de Êta Mundo Bom, novela de Walcyr Carrasco exibida originalmente em 2016, está no ar desde a segunda-feira passada e vem repetindo o sucesso da exibição original, batendo recordes de audiência.
Marcando a volta de Walcyr Carrasco às tramas de época no horário das seis, responsáveis por sua consagração na Globo, a novela é inspirada livremente nos contos Cândido, ou O Otimismo, publicado em 1759 pelo filósofo iluminista Voltaire, que deu origem originalmente ao filme brasileiro Candinho, de Abílio Pereira de Almeida em 1954.
Na história, que contou com 190 capítulos, Candinho(Sérgio Guizé) foi separado da mãe logo após seu nascimento e acabou sendo acolhido por um casal dono de uma fazenda, mas, quando cresceu, foi expulso de lá por se apaixonar pela primogênita da família, Filomena (Débora Nascimento). Ele, então, seguiu para a capital em busca da mãe biológica e a procura foi o fio condutor de todo o enredo.
Abusando do humor caipira característico das obras do autor, Êta Mundo Bom nos brinda com uma fórmula mágica que nunca dá errado, tanto é que já havia tido grande êxito em tramas anteriores, como O Cravo e a Rosa e Chocolate Com Pimenta. Apresenta uma trama leve e engraçada, mas sem grandes inovações, que cumpre seu papel de folhetim, fazendo o público rir com cenas engraçadas e se emocionar nos momentos mais dramáticos.
Obviamente nem tudo são flores, a começar pelo casal protagonista, que não caiu nas graças do público e, assistindo à reprise, dá pra entender o por quê. Os atores não tem a menor química e o enredo que os acompanha não ajuda, já que os dois ficam separados por motivos tolos e parecem conformados por isso em alguns momentos, embora tenham lampejos de lucidez que os fazem lembrar do suposto amor arrebatador que sentem um pelo outro. Não faz o menor sentido.
Em contrapartida, outro casal exala química e conquista o telespectador através de uma história engraçada e romântica, que fisga principalmente pela ingenuidade dos personagens. Trata-se de Mafalda (Camila Queiroz) e Romeu (Kleber Toledo), que mais tarde acaba formando um triângulo amoroso com Zé dos Porcos (Anderson de Rizzi). Os atores estão ótimos e eles ainda protagonizam junto à sempre perfeita Rosi Campos (Eponina) a divertida busca pelo “Cegonho”, o maior êxito da novela.
Quem também merece destaque é Bianca Bin, intérprete da sofrida Maria, que perde o noivo num acidente logo depois de descobrir estar estar gravida. Ela é expulsa de casa pelo pai e é acolhida por Anastácia (Eliane Giardini), mãe de Candinho que contrata a moça como empregada por entender o drama de ser mãe solteira na década de 1920, época em que se passa trama.
A história de Maria fez tanto sucesso que se tornou praticamente a protagonista da trama, ofuscado a personagem de Débora Nascimento.
Com mais acertos do que erros, Êta Mundo Bom é uma das melhores novelas de Walcyr Carrasco e prova como o texto do autor se encaixa em novelas de época, tanto é que detém o título de maior audiência do horário na década e, em sua reprise, ultrapassa os números de Novo Mundo, que está sendo exibida no horário das seis.
Texto por: O Noveleiro.
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